Julho das Pretas – Elas Existem

Na próxima quinta-feira (28) de Julho, a Associação Elas Existem – Mulheres Encarceradas irá promover junto ao Museu da História e Cultura Afro-Brasileira (MUHCAB), no Rio de Janeiro, um evento referente a celebração do mês do Julho das Pretas. O evento acontecerá das 15 até as 19 horas da tarde, se constituindo como um espaço de troca, empoderamento e encorajamento para as mulheres negras, colocando e reafirmando a pauta e a agenda política dessas mulheres em evidência, principalmente as que se encontram privadas de liberdade dentro das unidades penitenciárias do Brasil.

Estamos preparando uma programação super especial para esse dia 28 de Julho, com cinedebate, visita guiada pelo Museu, contação de história Xica Manicongo (em parceria com o Grupo PET Conexões Povos de Terreiro e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana), exposição de trabalhos artísticos produzidos INTRAMUROS pelas mulheres em privação de liberdade assistidas pela Elas Existem, venda de brincos e artesanatos produzidos pelas egressas do sistema carcerário e muito mais!

Durante o cinedebate, vamos exibir os documentários: “Meninas Invisíveis” com direção de Isabela Aleixo & Karla Suarez e o documentário “As mulheres e o cárcere” produzido pela Pastoral Carcerária. Após a exibição dos docs, vamos fazer uma roda de conversa guiada por egressas do sistema e com participação da mestranda Kharine Gil.

Exibição do Documentário “As Mulheres e o Cárcere”, produzido pela Pastoral Carcerária.
Exibição do Documentário “Meninas Invisíveis” dirigido por Isabela Aleixo e Karla Suarez.

Mas o que é o Julho das Pretas?

O Julho das Pretas é uma ação de incidência política e agenda conjunta e propositiva com organizações e movimento de mulheres negras do Brasil, voltada para o fortalecimento da ação política coletiva e autônoma das mulheres negras nas diversas esferas da sociedade.

O mês de celebração surgiu após o dia 25 de julho ser considerado como o Dia Internacional da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha. No Brasil também se comemora nessa mesma data, o Dia de Teresa de Benguela, importante líder do Quilombo do Quariterê, em Vila Bela da Santíssima Trindade, no Mato Grosso. A data foi originada a partir da realização do 1º Encontro de Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-caribenhas, que ocorreu no mesmo dia (há 30 anos atrás) na República Dominicana em 1992.

25 de Julho, Dia de Teresa de Benguela e da Mulher Negra no Brasil.

Para além da celebração dessa data, precisamos refletir sobre a seletividade penal do sistema carcerário brasileiro. Além de sermos o 5º país com maior população prisional feminina do mundo (BRASIL, 2018), o perfil da mulher privada de liberdade no país tem cor: a grande maioria das mulheres em condição de cárcere são NEGRAS (PICOLLI; TUMELERO, 2019), geralmente jovens, com baixa escolaridade e mães.

O julho das pretas nos inspira a reafirmar a importância da luta antipriosional e do enfrentamento no que diz respeito ao racismo e o genocídio/violência contra os corpos das mulheres negras nesse país. E o evento da Elas Existem no MUHCAB, servirá como um espaço de reformação disso. 

Texto: Paulo Henrique da Costa Silva.

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